A Carta Que Eu Não Enviei

Eu não sei exatamente como começar esta carta. Não sei nem se você a receberá. Mas eu preciso escrevê-la.
Queria saber como você está. Se ainda se lembra de mim. Se também se lembra do passado e sente falta dele. Por que nós seguimos caminhos tão diferentes? Por que foi embora sem dizer nada? Nós brigamos? Eu não me lembro disso. Eu fiz algo errado? Desculpe.
Te vi várias vezes depois dessa... Separação. Você nunca nem lançou um olhar pra mim, fingiu que não tinha me visto. Isso não foi legal. Lembro-me do tempo em que não nos desgrudávamos, compartilhando aventuras, rindo de bobagens, cantando nossas músicas favoritas.
Aonde foi que nos separamos? O que deu errado? Queria consertar esse erro, e preciso que me ajude, que diga o que aconteceu. Quantas vezes quis ter uma máquina do tempo e voltar, tentando rever nossos passos e mudar tudo. Mas isso não é possível, não é?
Não sei exatamente como foi o nosso último encontro, a última vez que te vi quando ainda éramos próximos. Quando esse futuro, sem a gente junto, sequer era cogitado. Não me lembro do que eu disse. Disse algo errado? Alguma coisa que fez você ir embora?
Nossa história não devia ter um ponto final. Será que ela tem reticencias? Eu não sei. Mas a gente podia continuar escrevendo-a, não é? Há tanta coisa para te contar, tantas histórias que queria que você soubesse.
Escrevi essa carta pensando em entregá-la, pois falar pessoalmente tudo isso está fora de questão. Talvez você simplesmente se virasse e fosse embora. Isso doeria. Também não sei se vai ler esta carta. Talvez prefira que as coisas sejam assim. E talvez eu nem a entregue. Mas ela existe, ela está aqui. Ela é... Uma tentativa de recomeço.
Se você leu esta carta... Por favor, me deixe saber se ainda há tempo de mudar as coisas...